Mural de Emiliano Di Cavalcanti, pintado em 1951, retratando cenas do cotidiano do Vale do Paraíba com elementos rurais, figuras populares e cores vibrantes do modernismo brasileiro.

HISTÓRIA DO ARTISTA


Emiliano Di Cavalcanti nasceu em 1897, no Rio de Janeiro, na casa de José do

Patrocínio, que era casado com uma tia do futuro pintor. Quando seu pai morre

em 1914, Di obriga-se a trabalhar e faz ilustrações para a REVISTA FON FON.

Antes que os trepidantes anos 20 se inaugurem vamos encontrá-lo estudando na

Faculdade de Direito. Em 1917 transferindo-se para São Paulo ingressa na

Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Segue fazendo ilustrações e

começa a pintar. O jovem Di Cavalcanti frequenta o atelier do impressionista

George Elpons e torna-se amigo de Mário e Oswald de Andrade.


Em 1921 casa-se com Maria, filha de um primo-irmão de seu pai. Entre 11 e 18

de fevereiro de 1922 idealiza e organiza a Semana de Arte Moderna no Teatro

Municipal de São Paulo, cria para essa ocasião as promocionais do evento:

catálogo e programa. Faz sua primeira viagem à Europa em 1923, permanecendo

em Paris até 1925. Frequenta a Academia Ranson. Expõe em diversas cidades:

Londres, Berlim, Bruxelas, Amsterdan e Paris. Conhece Picasso, Léger, Matisse, Eric

Satie, Jean Cocteau e outros intelectuais franceses. Retorna ao Brasil em 1926 e

ingressa no Partido Comunista. Segue fazendo ilustrações. Faz nova viagem a paris

e cria os painéis de decoração do Teatro João Caetano no Rio de Janeiro.

Mural de Emiliano Di Cavalcanti, pintado em 1951, retratando cenas do cotidiano do Vale do Paraíba com elementos rurais, figuras populares e cores vibrantes do modernismo brasileiro.


Ousado, inquietante e brasileiríssimo...pintava a alma brasileira e fazia da sua arte

a expressão máxima do seu amor pelo país do samba, da mulata, do homem sim-

-ples, do povo alegre, das injustiças sociais e da esperança de um futuro melhor.

Alegria e esperança, maravilhosamente representadas nas linhas e cores das suas

telas. O Mural artístico mais importante de Di Cavalcanti está na região do Vale do

Paraíba, no eixo Rio de Janeiro / São Paulo.


A importância de preservar este patrimônio material está na descrição da história

local, da expressão artística, da forma de pensar e sentir do artista Di Cavalcanti.

O artista produziu nas décadas passadas uma pintura significativa e cheia de cara-

-cterísticas pessoais que hoje faz parte da história do Hotel e principalmente da

história da arte brasileira.

Mural de Emiliano Di Cavalcanti, pintado em 1951, retratando cenas do cotidiano do Vale do Paraíba com elementos rurais, figuras populares e cores vibrantes do modernismo brasileiro.

A OBRA


Na parte superior da pintura, a religiosidade do povo e o rio Paraíba serpenteiam

suavemente, como se unissem céu e terra em uma prece silenciosa. A igrejinha

branca com sua cruz ao alto parece vigiar o vilarejo, símbolo de fé e pertencimento.

Mais adiante, os contornos do rio margeiam a vida rural, refletindo a alma tranquila

de quem vive ao seu redor.No centro, a simplicidade e os costumes da nossa gente:

o fim de tarde com bate-papo entre comadres na porta de casa; a lavadeira de

roupas curvada sobre o balde, quase em oração ao trabalho; a mulher da elite,

talvez filha do dono de terras, caminha com pose altiva e vestido bem cortado,

bolsa em punho, contrastando com o chão de terra e o colorido do cotidiano. À

sombra generosa da palmeira, dois violeiros tocam uma moda serena — um dueto

de histórias e emoções. Os chapéus de aba larga e as camisas listradas ecoam a

estética popular que Di Cavalcanti tão bem soube valorizar. Um cachorro dorme

enroscado em si mesmo, mergulhado na doce preguiça de um dia bem vivido.

Perto dali, um pássaro preso numa gaiola sonha o voo que o artista talvez tenha

pintado com liberdade nas cores ao redor.A galinha d’angola cisca com autoridade

no quintal, enquanto o gado aparece imponente, recordando a força econômica

da região. Elementos do campo se misturam à geometria da forma e à vibração das

cores — fortes, vivas, quase musicais — marca registrada do modernismo tropicalista

que Di Cavalcanti abraçou.É assim que o artista enxergava o Vale do Paraíba na

década de 1950: com ternura, crítica sutil e um profundo respeito por sua gente, seus

costumes e sua paisagem. Um retrato simbólico, onde cada traço e cada cor

contam uma história que ainda vive nas memórias e nos dias de quem habita este

pedaço do Brasil.

Mural de Emiliano Di Cavalcanti, pintado em 1951, retratando cenas do cotidiano do Vale do Paraíba com elementos rurais, figuras populares e cores vibrantes do modernismo brasileiro.
Mural de Emiliano Di Cavalcanti, pintado em 1951, retratando cenas do cotidiano do Vale do Paraíba com elementos rurais, figuras populares e cores vibrantes do modernismo brasileiro.

FICHA TÉCNICA DA OBRA


Título ou tema: Sem título conhecido - temas do vale do paraíba.

Autor: Emiliano Di Cavalcanti (ass. c.i.d. ‘’E. di Cavalcanti 1951'’).

Técnica: Tinta a óleo

Data: 1951

Dimensões: Formato irregular - 390 cm. (alt. lado esquerdo) x 466 cm. (alt. lado direito) x 630 cm. (comprimento).

Ao apreciar cada detalhe deste mural, você também mergulha em uma narrativa que celebra o povo, a cultura e as paisagens do Vale do Paraíba. Que esta obra inspire não só o paladar, mas também a alma de quem por aqui passa.